segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Peça do mês - Dezembro


 
Pintura - A Adoração dos Pastores
Autoria /Data - Att.a Laurent de la Hyre/Século XVII
Suporte - Óleo sobre Tela
Dimensões - 1360x1255mm
Inventário - 84.1299


O estilo da pintura faz-nos lembrar o  primeiro período de Laurent de La Hyre, na década de 30, com cores quentes e pincelada solta. 
 La Hyre entra numa linha de barroco clássico, com uma paleta de cores claras, embora com frequentes mudanças de estilo. Nesta obra é de notar como os volumes delimitam a paisagem. 
José Relvas comprou várias pinturas em Paris em 1900 e é possível que esta faça parte de um desses lotes. A pintura religiosa francesa de seiscentos vendia-se então a preços acessíveis, salvo no caso de grandes mestres como Poussin, Le Brun ou Vouet. Outros pintores notáveis só começaram a ser estudados a partir de meados do século XX,  sendo por isso mais frequentes em colecções particulares do que nos grandes museus.
A compra desta obra de arte demonstra da parte de José Relvas o gosto apurado e a cultura erudita que o caracterizam.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Boas Festas


A Equipa da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça deseja BOAS FESTAS e um FELIZ ANO NOVO! Agradecemos a todos aqueles que, ao longo deste ano, nos visitaram, participaram nas nossas
iniciativas ou que, mesmo à distância, nos foram acompanhando e, assim, divulgando a Casa dos Patudos.
Continuamos à vossa espera em 2013!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Peça do mês - Novembro



 Leque – Século XVIII

 N. º Inv.  84.620
Material – Madrepérola, papel.
Técnica – Rendilhado e Pintura.
Altura – 29.4 cm
Largura – 51.1 cm



A Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça possui uma fabulosa coleção de leques, cronologicamente datados dos séculos XVIII, XIX e XX. Os materiais utilizados são entre outros: o fio de ouro, o marfim, as lantejoulas, o pergaminho, o papel, a madrepérola e a seda. As técnicas utilizadas são, sobretudo, o rendilhado, o bordado e a pintura sobre papel.
O leque era, sobretudo, um objecto de adorno, mas associado a ele há também uma linguagem e códigos de diversos significados.
As trocas comerciais com a América Colonial e o Oriente, assim como, os rigores do clima espanhol e português justificam a importância concedida ao uso do leque, naqueles países.
Imitando os modelos Aztecas ou Incas, com penas, ou os orientais, pintados, o leque torna-se um elemento de toilette indispensável para ambos os sexos.
Numa corte castelhana, austera, com mulheres vestidas de negro, até mesmo os soldados, usavam leques para minorar os efeitos do calor. Reinava a Santa Inquisição e os costumes eram particularmente rígidos; por isso, deixar escapar um olhar sensual ou uma palavra mais imprudente, poderia trazer sérios dissabores, pelo que, o sexo feminino foi aperfeiçoando um código muito elaborado em que o porta-voz era o leque.

Apresentação do Portal da Rede de Bibliotecas de Alpiarça



Realizou-se ontem, dia 28 de novembro, a apresentação do Portal da Rede de Bibliotecas de Alpiarça. A biblioteca da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça (biblioteca pessoal de José Relvas) é um dos parceiros deste projeto.
Este espaço virtual pretende ser o ponto de confluência da promoção da leitura e também o ponto de acesso ao catálogo coletivo, repositório de toda a informação bibliográfica existente nas bibliotecas da Rede.

A Biblioteca da Casa dos Patudos, era a biblioteca pessoal do proprietário da casa, José de Mascarenhas Relvas.
A biblioteca é composta por cerca de 7.000 volumes e mais de 15.000 publicações periódicas subordinadas às temáticas intimamente relacionadas com os gostos pessoais de José Relvas que se destacou como político, diplomata, estadista, lavrador, colecionador de arte e músico amador.
O mobiliário deste espaço tão emblemático da Casa dos Patudos, que foi também o local de trabalho de José Relvas, foi desenhado pelo Arquiteto Raul Lino e executado pelo entalhador José Emídio Maior. Entre os livros de arte, finanças e de assuntos ligados à vida agrícola da Casa suje-nos numa das paredes, uma das suas obras de arte preferidas, As Abandonadas, do pintor Constantino Fernandes.
A biblioteca da Casa dos Patudos preserva um valioso conjunto de publicações destacando-se as dos inícios do século passado. Este acervo bibliográfico faz parte, juntamente com a Quinta dos Patudos, a Casa e a Coleção de Arte, do legado de José Relvas expresso em testamento, datado de 1928.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Concerto de homenagem a José Relvas




Leonor Leitão-Cadete

No passado dia 31 de Outubro realizou-se uma  homenagem a José Relvas, na data em que se assinalou o 83º Aniversário da sua morte.
O concerto de piano Regresso Musical a Alpiarça, pela pianista, compositora e professora trouxe mais uma vez a música à Casa dos Patudos.
Leonor Leitão-Cadete, regressou musicalmente à sua terra 62 anos após o último concerto em Alpiarça. O espaço do Pólo Enoturístico da Casa dos Patudos encheu para assistir à brilhante actuação, pautada pela revisitação da memória de Alpiarça, e que terminou com uma peça evocativa da figura brilhante de José de Mascarenhas Relvas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Peça do mês - Outubro



Pintura - Na Pastagem
Autoria /Data - Silva Porto/1883
Suporte - Óleo sobre Tela
Dimensões - 66,2x100,2cm
Inventário - 84.781

António Carvalho da Silva Porto, nasceu no Porto no dia 11 de Novembro de 1850, e faleceu em Lisboa no dia 1 de Junho de 1893, com apenas 42 anos, adoptando para apelido o nome da sua terra natal, ficou conhecido por Silva Porto. Pintor naturalista, que viveu durante o século XIX, foi juntamente com João Marques d´Oliveira, o responsável pela divulgação do gosto Naturalista em Portugal.
Silva Porto frequentou a Academia Real de Belas – Artes no Porto, entre 1865 e 1873, tendo sido discípulo de Tadeu
d´Almeida Furtado e de João António Corrêa.  Após concluir o curso de Pintura, rumou a Paris como bolseiro do Estado. Admitido na École des Beaux – Arts, estudou com Cabanel e frequentou os cursos de Groisseillez e Yvon.  Na companhia de Marques d´Oliveira, Silva Porto viajou por vários países (Itália, Inglaterra, Bélgica e Holanda).
Encontra-se, na Casa dos Patudos uma colecção de cerca de trinta obras quadros de Silva Porto, que retratam várias paisagens de Portugal dos finais do século XIX.
Nas obras de Silva Porto destacam-se as imagens de ruas aldeãs, tema que representa a pintura da ruralidade, relativo a uma das correntes que assinalaram intimamente a poética do artista. Repercutiu-se nisto a fatal contaminação dos valores próprios do paisagismo por razões de um estilo herdado dos “petits maîtres” (pequenos mestres) e difundido pelos autores românticos.
Com Silva Porto a comandar, vários pintores naturalistas portugueses seguiram tal tradição, levados por fortes motivos estéticos mas também sociológicos. No fundo, retribuíam assim o enaltecimento à vida rural. Resguardado pelos intelectuais. Silva Porto era considerado como o mais apropriado à identidade nacional, devido ao aumento do impacto negativo da industrialização e da urbanização, numa conjuntura em que a internacionalização ameaçava os interesses portugueses.
A peça do mês de Outubro, é uma das obras de Silva Porto, “Na Pastagem”, uma pintura a óleo sobre tela, datada de 1883, e que se encontra assinada pelo autor. O quadro “Na Pastagem” encontra-se na sala com o nome do pintor.
O quadro “Na Pastagem”, constituiu uma das obras de referência para o estudo da actividade de Silva Porto como animalista. 
O quadro a óleo, retracta duas vacas e um bezerro na pastagem, tendo como fundo a paisagem do Ribatejo. É o mesmo quadro que se vê no quadro pintado por Columbano no Atelier de Silva, Porto em Lisboa, em que está o grande mestre paisagista a terminar este quadro.
Duas vacas e um vitelo pastam num prado solarengo, sendo o conjunto definido por pinceladas sintéticas e precisas, de elevado nível técnico, que substanciam com mestria a representação da natureza. Iluminados da esquerda para a direita as figuras reflectem a valorização de uma paleta harmónica em que dominam as tonalidades frias: pretos, brancos, verdes, azulados e cinzas.
José Relvas amava as paisagens, os verdes frescos dos campos, os doces crepúsculos da lezíria, e se cristalizava num último arroubo romântico. Para José Relvas só existia o seu velho mundo, e nos tempos do fim, em 1928 e 1929, continuar a comprar Silva Porto como se fossem elos perdidos na filigrana da memória.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

83º Aniversário da morte de José Relvas

A Câmara Municipal de Alpiarça em colaboração com a Associação dos Amigos da Casa - Museu dos Patudos irá assinalar o 83º Aniversário da Morte de José Relvas, no próximo dia 31 de Outubro.

Programa das Comemorações
 
Das 10h00 às 12h30 e das 14:00h às 17h30 - Visitas guiadas gratuitas à Casa dos Patudos.

10h30 – Homenagem a José Relvas, no Cemitério Municipal.


21h00 – Concerto: Regresso Municipal a Alpiarça
“A Pianista, Compositora e Professora Leonor Leitão-Cadete, na Casa dos Patudos”.
  (Pólo Enoturístico da Casa dos Patudos)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Conferência - A I República Portuguesa, um Balanço

Conferência: «A I República Portuguesa, um Balanço» 

pelo Professor Doutor António Ventura 

Professor Catedrático do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

5 de outubro de 2012

18:00 -  Polo Enoturístico da Casa dos  Patudos - Museu de Alpiarça

Comemorações do 5 de outubro

Nos dias 5 e 6 de outubro a Câmara Municipal de Alpiarça comemora o 5 de outubro com um conjunto de atividades culturais.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Jornadas Europeias do Património 2012


Durante os dias 27, 28, 29 e 30 de setembro a Câmara Municipal de Alpiarça e a Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça associam-se às comemorações das Jornadas Europeias do Património sob o lema: O Futuro da Memória e ao Dia Mundial do Turismo com um programa diversificado, dedicado ao património cultural do concelho.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça no programa Arte e Emoção RTP2

Veja ou reveja as peças sobre a Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça (ao 2 minutos e aos 13 minutos), emitidas na RTP 2, no âmbito do programa "Arte e Emoção".

http://www.rtp.pt/play/p182/e92032/arte-e-emocao

Conferência - Azulejaria de Jorge Pinto na Casa dos Patudos

No passado dia 11 de setembro, realizou-se mais uma conferência subordinado ao tema: Uma peça da coleção comentada por …
A peça comentada foi a azulejaria de Jorge Pinto na Casa dos Patudos.
A conferência foi dinamizada pelo Dr. Nuno Prates, Conservador da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça e pelo Dr. João Tomé Duarte Mestre em História de Arte Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Após obras de conservação e restauro, bem como a redefinição de estratégias museográficas na Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça apresentamos um estudo sobre o painel de azulejos executados por Jorge Pinto no início do século XX, correspondente às obras de ampliação de casa pelo arquiteto Raul Lino. Com esta apresentação procuraremos, numa primeira análise, perceber a importância da azulejaria no contexto português, onde perspetivamos um resumo evolutivo focando-nos nas principais manifestações que culminam no painel apresentado.
Num segundo momento e com o objetivo de direcionar a atenção para a Casa dos Patudos, atendendo às carateristicas da arquitetura de Raul Lino, foi apresentado o estudo para a utilização do azulejo na Casa dos Patudos, diferenciando a Azulejaria que foi executada com o propósito de ser colocada na casa, da azulejaria que fora adquirida pelo proprietário da casa – José de Mascarenhas Relvas – no desenvolvimento do seu espírito colecionista, fruto da conjuntura, da sua elevada educação e condição social.
No terceiro momento da apresentação da conferência visou-se essencialmente o painel de azulejos executado por Jorge Pinto onde se fez a análise formal da obra e a sua articulação com o programa iconográfico. Este painel, em nosso entender, tem uma importância acentuada pois poderá ser um elemento que contribui para percebermos estas duas facetas de José Relvas, à partida antagónicas: a sua relação com o mundo rural ligado aos trabalhos agrícolas; e a sua profunda erudição e gosto eclético levando-o a fazer uma coleção de arte composta por um número elevado de objetos.



Casa dos Patudos na Alpiagra

Na iuguração da Alpiagra - Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça - Stand da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça, Sr. Secretário de Estado da Administração Interna, Dr. Filipe Lobo d'Ávila, Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, Dr. Mário Pereira e Conservador da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça, Dr. Nuno Prates.

Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça presente na Alpiagra


A Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça está presente na Alpiagra - Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça, entre 8 e 16 de setembro, com a mostra A Casa dos Patudos vista pela Imprensa ao longo dos tempos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Conferência A AZULEJARIA DE JORGE PINTO NA CASA DOS PATUDOS dia 11 de setembro, às 21:00 horas - Alpiagra.

No dia 11 de setembro de 2012 às 21h00, vai ter lugar na Tertúlia do Fado, no âmbito da Alpiagra- Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça mais uma Conferência subordinada ao tema: "Uma peça de coleção comentada por...".

Desta feita A AZULEJARIA DE JORGE PINTO NA CASA DOS PATUDOS será comentada pelo Dr. Nuno Prates, Conservador da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça e pelo Dr. João Tomé Duarte, Investigador do CITCEM, Mestre em História de Arte Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Informações e contactos: Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça, Rua José Relvas 2090-102 Alpiarça. Telefone: 243 558 321, Fax: 243 556 444, E-mail: museudospatudos@cm-alpiarca.pt

Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça no Programa Arte e Emoção - RTP 2

No próximo sábado, dia 08 de setembro, pelas 19:00 horas, irá passar no programa da RTP 2 - Arte e Emoção, apresentado por José Cáceres, uma reportagem sobre a Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça... A não perder

terça-feira, 31 de julho de 2012

Fundação Calouste Gulbenkian apoio o Projeto Preservação, Organização e Estudo do Arquivo Fotográfico de José Relvas



Foi recentemente aprovado pela Fundação Calouste Gulbenkian o Projeto Preservação, Organização e Estudo do Arquivo Fotográfico de José Relvas apresentado pela Câmara Municipal de Alpiarça/Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça no âmbito do Concurso Projetos de Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais promovido pelo seu Serviço de Bolsas e Educação (http://www.gulbenkian.pt/section65artId1571langId1.html).

O Arquivo Fotográfico da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça é constituído por fotografias do século XIX e inícios do século XX, dele fazem parte mais de duas mil imagens em diversos suportes, boa parte das quais resultantes da atividade como fotógrafo de Carlos Relvas, mas também dos filhos José Relvas e Margarida Relvas Navarro.

Do Arquivo Histórico da Casa dos Patudos fazem parte um acervo fotográfico, bibliográfico e documental, este último ilustrando as diversas facetas do político, agricultor, colecionador de arte e músico.

Com este projeto pretende-se garantir a salvaguarda e o acesso a estas imagens. Salienta-se o seu uso em futuras exposições, assim como em ações pedagógicas e educativas e outros projetos de comunicação a desenvolver, bem como para estudos e investigações centradas em temas de natureza afim com a vocação da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Objeto Museológico do mês - julho

Painel de Azulejo - Alegoria às atividades da Casa dos Patudos: Música e Agricultura, Jorge Pinto



O painel de azulejos “Alegoria às duas atividades da Casa dos Patudos:   música e  agricultura”, foi concebido pelo pintor Jorge Pinto, na Fábrica Constância em Lisboa. Pintor ceramista, trabalhou inicialmente na Fábrica Constância (entre 1897 e 1906) e depois na Fábrica de Campolide. Jorge  Pinto nasceu em Lisboa, em 1875 e faleceu em 1945.
O painel de azulejos, de caráter figurativo, representa uma alegoria às artes: a música e a agricultura, e localiza-se no acesso aos aposentos da família Relvas. No que respeita ao formato do painel, este apresenta uma forma assimétrica. A moldura é organizada com formas naturais e sinuosas, bastante característica da azulejaria arte nova.
Em primeiro plano destacam-se duas figuras femininas, uma delas tocando violino, com um ar sóbrio e doce simbolizando a música, enquanto a outra se apresenta com uma foice na mão e vestes pouco cuidadas, simbolizando o trabalho no campo. A figura feminina que simboliza a música encontra-se sentada numa estrutura arquitetónica constituída por duas colunas e um lintel. As figuras apresentam traços bastante característicos da pintura de Jorge Pinto, distinguindo-se as suas composições por cores fortes e expressão sensual.
                Ao fundo, em segundo plano, vê-se a Casa dos Patudos, residência de José Relvas, este tinha um sentimento terráqueo muito acentuado, visível nos seus confrontos ideológicos na defesa dos vinhos do Ribatejo, e na dedicação à agricultura.
Este painel de azulejos concebido propositadamente para a Casa dos Patudos  simboliza uma alegoria às duas atividades da Quinta: a música e a agricultura. Ambas faziam parte da vida de José Relvas, se por um lado era um homem apaixonado pelo mundo agrícola, como podemos comprovar num painel de azulejos que incumbiu também a sua realização ao pintor Jorge Pinto, intitulado Cenas agrícolas da Quinta dos Patudos, também não vivia sem a música.
José Relvas era um apaixonado pela lezíria, tanto que escolheu os melhores pintores naturalistas da época, para que pudessem retratar as belas paisagens da lezíria ribatejana.
No que respeita à técnica, é um painel com um desenho muito rigoroso, quer ao nível do traço quer ao nível da perspetiva. É um painel bicolor, onde o pintor joga bem com a dinâmica do claro-escuro criando manchas de luz e sombra. Na moldura que compõe o painel, encontra-se uma cercadura ornamentada com motivos vegetalistas, nomeadamente folhas de acanto, espigas de trigo e cachos de uvas, enrolamentos e ondulações típicas das formas associadas, caraterísticas da azulejaria arte nova.
                Quanto à simbologia dos ornamentos, as folhas de acanto representam o amor pelas artes, que no contexto deste painel são facilmente compreendidas.
Os cachos de uva e as espigas de trigo que se encontram também na cercadura do painel, representam a agricultura.
Todos estes elementos têm como objetivo principal a representação da agricultura e da música, as duas atividades da Casa dos Patudos, que o pintor Jorge Pinto tão bem conseguiu eternizar neste painel de azulejos.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Apresentação do Livro A Madastra


O livro A Madastra, da autoria de Isabel Parreira, editado pelas Edições Esgotadas, foi apresentado, no Polo Enoturístico da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça.
Durante a sessão a autora deu a conhecer a obra – com prefácio da psicóloga e docente na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, Sara Bahia.
O Livro rejeita a imagem negativa do termo «madrasta», tão difundida nos contos infantis, revelando a essência do que significa ser «madrasta».
A autora é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e na mesma Faculdade, frequentou mestrado em Literaturas Modernas Comparadas, tendo desenvolvido grande parte do seu trabalho de investigação na área do Teatro do Absurdo (Eugène Ionesco e Samuel Beckett). Paralelamente à sua atividade docente, deu formação nas áreas de Dramaturgia e de História de Artes do Espetáculo a cursos de Formação de Atores e de Produção de Espetáculos.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Objeto Museológico do mês - junho

Título: José Relvas tocando violino
Autor /data José Malhoa, 1898.
Técnica: Pastel sobre papel.
Inscrição: Frente - José Malhoa[Assinatura]/1898


José Malhoa era um mestre no domínio da paleta de óleo, só muito ocasionalmente fez trabalhos a pastel, visto há data esta arte ser considerada de menor importância e utilizada com mais frequência em ensaios e estudos. Foi este o caso do retrato de José Relvas realizado em 1898, durante uma visita de Malhoa à Quinta dos Patudos.
A amizade entre Relvas e Malhoa era consolidada pelo apreço mútuo e por um grande número de afinidades de ordem ideológica e estética.
Era com grande frequência que Malhoa visitava a Quinta dos Patudos e aqui produzia algumas obras para a coleção de José Relvas.
No quadro José Relvas tocando violino Malhoa apresenta o realismo que caracteriza a sua arte, retrata o Senhor dos Patudos numa entrega a uma das suas atividades preferidas: a música. José Relvas está concentrado tocando o seu violino, executando talvez uma peça conhecida de memória da obra de Beethoven, visto ser este o seu compositor preferido.
Junto ao músico encontra-se uma mesa com algumas partituras ao fundo vê-se uma das suas obras de arte preferidas, uma escultura de Soares dos Reis, o estudo em gesso para O Artista na Infância, adquirida à família do escultor em 1889.
A cena retratada decorre num interior de limites imprecisos onde está patente uma luminosidade difusa.
Quando foi retratado José Relvas contava 40 anos de idade, a sua personalidade é representada pelo aprumo do porte, era um homem respeitado e estimado por todos. O rosto bondoso revela no entanto uma certa tristeza e melancolia. José Relvas aqui retratado num espaço privado da sua casa, a sala da música, é sem dúvida um homem marcado pelo desgosto e pela tragédia. Anos antes assistira à morte de dois dos três filhos (Maria Luísa e João).
A música tocada por Relvas está “presente” e ausente em toda a obra e é a melodia que escapa das cordas do violino que é a verdadeira alma da obra, a chave para a sua leitura. Na obra apresentada podemos ver o tratamento de Malhoa para o retrato, consegue-nos fazer sentir a obra.
O trabalho aflora com manchas de cor de grande suavidade numa graduação decrescente de tonalidades que parte da figura de José Relvas e se esbate na cinza da parede. O tratamento é adequado à técnica do pastel e confere à obra uma reprodução da imaginação ao apreciá-la, o espectador está a espreitar através de uma janela para a Casa dos Patudos.
Esta é uma obra serena, em perfeita sintonia com a tradição do retrato tardo - romântico de que José Malhoa foi herdeiro e continuador, através deste pastel há a homenagem de um artista a outro artista.
Através da obra constituiu-se uma verdadeira faculdade de sentir as vivências do Senhor dos Patudos.