quarta-feira, 18 de julho de 2012

Objeto Museológico do mês - julho

Painel de Azulejo - Alegoria às atividades da Casa dos Patudos: Música e Agricultura, Jorge Pinto



O painel de azulejos “Alegoria às duas atividades da Casa dos Patudos:   música e  agricultura”, foi concebido pelo pintor Jorge Pinto, na Fábrica Constância em Lisboa. Pintor ceramista, trabalhou inicialmente na Fábrica Constância (entre 1897 e 1906) e depois na Fábrica de Campolide. Jorge  Pinto nasceu em Lisboa, em 1875 e faleceu em 1945.
O painel de azulejos, de caráter figurativo, representa uma alegoria às artes: a música e a agricultura, e localiza-se no acesso aos aposentos da família Relvas. No que respeita ao formato do painel, este apresenta uma forma assimétrica. A moldura é organizada com formas naturais e sinuosas, bastante característica da azulejaria arte nova.
Em primeiro plano destacam-se duas figuras femininas, uma delas tocando violino, com um ar sóbrio e doce simbolizando a música, enquanto a outra se apresenta com uma foice na mão e vestes pouco cuidadas, simbolizando o trabalho no campo. A figura feminina que simboliza a música encontra-se sentada numa estrutura arquitetónica constituída por duas colunas e um lintel. As figuras apresentam traços bastante característicos da pintura de Jorge Pinto, distinguindo-se as suas composições por cores fortes e expressão sensual.
                Ao fundo, em segundo plano, vê-se a Casa dos Patudos, residência de José Relvas, este tinha um sentimento terráqueo muito acentuado, visível nos seus confrontos ideológicos na defesa dos vinhos do Ribatejo, e na dedicação à agricultura.
Este painel de azulejos concebido propositadamente para a Casa dos Patudos  simboliza uma alegoria às duas atividades da Quinta: a música e a agricultura. Ambas faziam parte da vida de José Relvas, se por um lado era um homem apaixonado pelo mundo agrícola, como podemos comprovar num painel de azulejos que incumbiu também a sua realização ao pintor Jorge Pinto, intitulado Cenas agrícolas da Quinta dos Patudos, também não vivia sem a música.
José Relvas era um apaixonado pela lezíria, tanto que escolheu os melhores pintores naturalistas da época, para que pudessem retratar as belas paisagens da lezíria ribatejana.
No que respeita à técnica, é um painel com um desenho muito rigoroso, quer ao nível do traço quer ao nível da perspetiva. É um painel bicolor, onde o pintor joga bem com a dinâmica do claro-escuro criando manchas de luz e sombra. Na moldura que compõe o painel, encontra-se uma cercadura ornamentada com motivos vegetalistas, nomeadamente folhas de acanto, espigas de trigo e cachos de uvas, enrolamentos e ondulações típicas das formas associadas, caraterísticas da azulejaria arte nova.
                Quanto à simbologia dos ornamentos, as folhas de acanto representam o amor pelas artes, que no contexto deste painel são facilmente compreendidas.
Os cachos de uva e as espigas de trigo que se encontram também na cercadura do painel, representam a agricultura.
Todos estes elementos têm como objetivo principal a representação da agricultura e da música, as duas atividades da Casa dos Patudos, que o pintor Jorge Pinto tão bem conseguiu eternizar neste painel de azulejos.

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